quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Que mal há em flertar?

Que mal há em flertar?




“Por que achamos que flertar é uma forma de manipulação, de engano ou de maldade? Não é! É um jogo! E um jogo sem perdedores, pois você faz a outra pessoa sentir-se bem.” — Susan Rabin, diretora da Escola de Flerte, da cidade de Nova York.

MUITOS vêem o flerte como algo normal, inocente e até mesmo necessário para se formar e manter relacionamentos. Nos países ocidentais, houve uma recente proliferação de livros, artigos em revistas e cursos que ensinam os gestos, as poses e os olhares da “arte do flerte”.

O que é flerte? Há várias definições e interpretações. Um dicionário define flerte como comportamento “sensual frívolo ou sexualmente sedutor”. Outro dicionário define flertar como comportar-se “de forma sensual sem sérias intenções”. Assim, parece uma noção geralmente aceita que flertar é sinalizar interesse romântico sem intenção de se casar. Isso é inofensivo? Qual é o conceito da Bíblia sobre flertar?

Embora a Bíblia não mencione especificamente o flerte, podemos determinar o conceito de Deus. Como? Examinando princípios bíblicos relacionados com o assunto. Assim desenvolvemos nossas ‘faculdades perceptivas para distinguir o certo do errado’. (Hebreus 5:14) Em primeiro lugar, consideremos se é certo que pessoas casadas flertem.

Quando se é casado

É bastante natural que marido e mulher comportem-se sensualmente um com o outro quando estão a sós. (Veja Gênesis 26:8.) Mas fazer isso com alguém de fora do casamento é contrário aos princípios de Deus. Jeová desejava que os casados desfrutassem de um relacionamento de intimidade e confiança. (Gênesis 2:24; Efésios 5:21-33) Ele vê o casamento como união sagrada e permanente. Malaquias 2:6 diz a respeito de Deus: ‘Ele odeia o divórcio.’

Estaria a pessoa casada que flerta agindo de modo compatível com o conceito de Deus sobre o casamento? No mínimo, quem faz isso mostra desrespeito pela santidade dessa provisão de Deus. Além disso, Efésios 5:33 ordena que o marido ‘ame sua esposa como a si próprio’ e que a esposa ‘tenha profundo respeito pelo marido’. Será que flertar, um ato que desperta o ciúme, mostra amor e respeito pelo cônjuge?

Ainda mais sério, flertar pode acabar em adultério, pecado que Jeová condena categoricamente e chama de traiçoeiro. (Êxodo 20:14; Levítico 20:10; Malaquias 2:14, 15; Marcos 10:17-19) Aliás, Jeová considera o adultério como algo tão grave que ele permite que a vítima da infidelidade se divorcie. (Mateus 5:32) Dá para imaginar que Jeová aprove um passatempo tão perigoso quanto o flerte? Deus não o aprova assim como o pai que ama seu filho pequeno não aprovaria que ele brincasse com uma faca de cozinha afiada.

A respeito do adultério, a Bíblia acautela: “Pode um homem juntar fogo no seu seio sem se queimarem as suas vestes? Ou pode um homem andar sobre brasas sem se chamuscarem os seus pés? Assim é com aquele que tem relações com a esposa do seu próximo; ninguém que tocar nela ficará impune.” (Provérbios 6:27-29) Mesmo que o adultério nunca chegue a ser consumado, a pessoa casada que flerta corre o perigo de envolver-se emocionalmente com alguém que não é seu cônjuge.

Envolvimento emocional

Alguns cultivam relacionamentos românticos com pessoas de fora do casamento, desenvolvendo sentimentos românticos sem que haja intimidade sexual. Contudo, Jesus alertou: “Todo aquele que persiste em olhar para uma mulher, a ponto de ter paixão por ela, já cometeu no coração adultério com ela.” (Mateus 5:28) Por que Jesus objetou a uma paixão que não vai além do coração?

Um fator é que “do coração vêm . . . adultérios”. (Mateus 15:19) Porém, um relacionamento assim é prejudicial mesmo que não tenha chegado ao ponto em que o adultério é iminente. De que modo? Um livro sobre o assunto explica: “Qualquer atividade ou relacionamento que consome muito tempo e energia, da vida que você teria com seu parceiro, é uma forma de infidelidade.” Ou seja, o envolvimento emocional com outra pessoa rouba do cônjuge tempo, atenção e afeição. Em vista do mandamento de Jesus de que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados, a pessoa casada que flerta faz bem em se perguntar: ‘Como eu me sentiria se meu cônjuge se comportasse dessa forma com outra pessoa?’ — Provérbios 5:15-23; Mateus 7:12.

Se alguém formou um vínculo emocional impróprio como esse, o que deve fazer? A pessoa nessa situação é como um motorista que adormece no volante. Ela precisa “acordar” e tomar imediatamente medidas decisivas antes que seu casamento e sua relação com Deus sejam arruinados. Jesus ilustrou a necessidade de uma ação drástica quando disse que mesmo algo tão precioso quanto um olho devia ser arrancado ou, uma mão, decepada, se eles ameaçassem a boa posição da pessoa perante Deus. — Mateus 5:29, 30.

Assim, é sábio limitar os lugares e a freqüência com que se vê a pessoa. E, é claro, evite ficar sozinho com ela e, num ambiente de trabalho, limite a natureza das conversas. Talvez seja necessário até mesmo cortar todos os contatos com a pessoa. Daí em diante, é preciso controlar rigorosamente os olhos, os pensamentos, os sentimentos e o comportamento. (Gênesis 39:7-12; Salmo 19:14; Provérbios 4:23; 1 Tessalonicenses 4:4-6) Jó, que era casado, deu um excelente exemplo ao dizer: “Concluí um pacto com os meus olhos, portanto, como poderia mostrar-me atento a uma virgem?” — Jó 31:1.

Claramente, flertar é perigoso e antibíblico para os casados. Mas qual é o conceito da Bíblia sobre o flerte entre duas pessoas solteiras? Deve ser considerado normal, inocente ou necessário para se estabelecer relacionamentos com o sexo oposto? Pode ser prejudicial de alguma maneira?

E se a pessoa não é casada?




Não há nada de errado em duas pessoas solteiras demonstrarem interesse romântico uma na outra, desde que estejam pensando em se casar e que evitem conduta impura. (Gálatas 5:19-21) Esse interesse pode se manifestar nos primeiros estágios do cortejo, quando o casamento ainda é só uma possibilidade remota. Isso não é necessariamente impróprio se for feito com boas intenções. Não é o mesmo que flertar.

Mas, e se dois solteiros trocam sinais de interesse romântico só por brincadeira? Isso talvez pareça inofensivo, uma vez que não são casados. Mas pense no potencial de alguém sair emocionalmente ferido dessa brincadeira. Se o flerte for levado mais a sério do que se desejava, pode acabar em mágoa profunda e coração partido. Verazes são as palavras de Provérbios 13:12: “A expectativa adiada faz adoecer o coração, mas a coisa desejada, quando vem, é árvore de vida.” Mesmo que os dois aleguem entender que nenhum deles está realmente interessado no outro, será que se pode ter certeza do que o outro realmente está pensando ou sentindo? A Bíblia responde: “O coração é mais traiçoeiro do que qualquer outra coisa e está desesperado. Quem o pode conhecer?” — Jeremias 17:9; Filipenses 2:4.

Reflita também no perigo da fornicação, com as possíveis conseqüências de uma doença ou de gravidez. As Escrituras proíbem a fornicação, e os que a praticam deliberadamente perdem o favor de Deus. O apóstolo Paulo acautelou sabiamente os cristãos de que, para resistir à tentação, devem ‘amortecer’ os ‘membros do corpo com respeito à fornicação’ e evitar “o cobiçoso apetite sexual”, que leva à fornicação. (Colossenses 3:5; 1 Tessalonicenses 4:3-5) Em Efésios 5:3, ele nos adverte de que a fornicação ‘não deve nem mesmo ser mencionada’, isto é, de um modo que desperte desejos errados. Flertar contraria esse conselho. Deus até mesmo proíbe conversa nociva sobre sexo.

Os princípios bíblicos revelam que flertar pode ser cruel com outros e desrespeitoso com Jeová, o Originador do casamento. O conceito da Bíblia sobre o flerte impróprio é certamente amoroso e razoável, porque protege a pessoa. Portanto, os que amam a Deus se refrearão do flerte impróprio e tratarão o sexo oposto com castidade e respeito. — 1 Timóteo 2:9, 10; 5:1, 2.

Retirada da Revista Despertai! de 07/98.

http://www.watchtower.org/t/

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